Palestina: o longo caminho da unidade

Encontro histórico no Cairo pode selar, esta semana, unidade entre Fatah-Hamas. Israel resiste. Manifestações dia 15 podem ser decisivas

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Do Palestine Monitor | Tradução Daniela Frabasile

Quando Azam Al-Ahmed, do Fatah, e Mousa Abu Marzouk, do Hamas, foram convidados ao Cairo pelo novo chefe da inteligência egípcia Mourad Mouafi e pelo ministro Nabil Al-Arabi, discutiram e assinaram um documento originalmente escrito em 2009 e então adotado pelo Fatah

Eles concordaram que as forças palestinas de segurança serão integradas e comandadas por um comitê de defesa conjunta Hamas-Fateh, e que um novo governo interino, no poder até as eleições de setembro, será formada por tecnocratas com pouca relação com partidos. Ambos prometeram soltar os prisioneiros e também modificar outras cláusulas, e o Hamas aceitou a unificação.

O desprezo do Hamas pelo atual primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Salam Fayyad, significa que é mais provável que o líder da administração interina seja o Mustafa Barghouthi ou Munib Al Masri. Ambos ajudaram a mediar das conversações para a unidade.

As condições são oportunas” disse Barghouthi ao Centro de Internacional de Mídia do Oriente Médio, em Damasco, em 2007, quando se encontrou com Abbas delegados do Hamas, a Frente de Libertação Democrática e a Jihad Islâmica.

As negociações que aconteceram no Cairo foram baseadas em reuniões anteriores na Síria, que abriga líderes exilados do Hamas. Elas haviam sido descartadas no ano passado, quando Mahmoud Abbas e Bashar al-Assad trocaram palavras ásperas. Mas foram revitalizadas quando Israel efetivamente destruiu as conversações de paz, expandindo continuamente os projetos de colônias judaicas na Cisjordânia. Quando Hosni Mubarak caiu, com a revolta democrática dos jovens na praça Tahir, o status quo da cooperação entre Israel e Egito evaporou. Assim que Assad começou esse mês a silenciar brutalmente os dissidentes políticos em Daraa e Damasco, a liderança do Hamas considerou a reunificação, talvez desesperada por estar prestes a perder seu patrono.

Nesta semana, delegações do Fatah e Hamas deverão viajar ao Cairo, para assinar um acordo e formar o governo interino. Esse nível de cooperação é inédito desde a disputa fratricida entre palestinos na Faixa de Gaza, em 2006 na Faixa de Gaza – e altamente criticado pelos Estados Unidos e por Israel.

O Egito anunciou planos para abrir a Passagem de Rafah, entre seu território e a Faixa de Gaza. Isso aliviaria sensivelmente o sofrimento de 1,5 milhão de pessoas sitiadas. Além disso, permitiria mais encontros entre palestinos dos dois grupos. No entanto, a continuidade dos ataques israelenses a Gaza, que matou quatro civis na semana passada e muitos desde janeiro, lança dúvidas sobrfe a segurança palestina. Em conjunto com declarações de membros do Parlamento israelense (Knesset), que pedem mais brutalidade, semeiam o medo de hostilidade crescente.

Com a programação de novas flotilhas de solidariedade a Gaza e a convocação dos protestos de 15 de maio na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Líbano e Egito contra a ocupação israelense, o movimento pela libertação na Palestina pode estar chegando a um momento decisivo.

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