Território adentro

Garimpo ilegal em unidades de conservação e terras indígenas foi responsável por 72% do desmatamento na Amazônia entre janeiro e abril, revela Greenpeace

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Um relatório do Greenpeace concluiu que, entre janeiro e abril desse ano, 72% de todo o desmatamento provocado por garimpo na Amazônia ocorreu de forma ilegal em áreas protegidas. Nas unidades de conservação, o aumento foi de 80,6%, comparado ao primeiro quadrimestre de 2019. Em terras indígenas, de 13,4%. Os dados foram puxados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para Carolina Santos, do Greenpeace, iniciativas do governo Bolsonaro como o projeto de lei que visa liberar a exploração de minérios nesses territórios são interpretados como um sinal verde pelos garimpeiros.

Uma reportagem especial da Reuters usou dados de satélite e apurou que a extração de ouro na Terra Indígena Ianomâmi cresceu 20% nos últimos cinco anos. As áreas de garimpo já ocupam o equivalente a mil campos de futebol. Autoridades e indígenas estimam que transitem 20 mil garimpeiros na área.

Enquanto isso, o coronavírus avança. No Pará, aldeias próximas a cidades como Marabá e próximas de rodovias e empreendimentos de mineração estão experimentando um aumento rápido nos contágios. Em três semanas, foram 638 infecções e 22 mortes, atingindo 12 diferentes povos indígenas. A falta de assistência à saúde – que deveria ser prestada pelo Ministério através da Secretaria Especial de Saúde Indígena – fez com que os indígenas apelassem para universidades e para o Conselho Indigenista Missionário, que junto com outras entidades, formaram uma rede de apoio voluntária.

Em tempo: as três semanas de junho foram palco do maior número de focos de incêndio registrados na Amazônia desde 2007.

E porque desgraça pouca é bobagem, a Marinha já confirma que manchas de óleo voltaram a aparecer no litoral nordestino em quatro estados: Alagoas, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. E com a aproximação da nuvem de gafanhotos, o Ministério da Agricultura decretou ontem estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina por um ano.

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