Aborto: a desbolsonarização da saúde continua

• Brasil sai de acordo da ultradireita sobre aborto • Um anticorpo pode ser chave no tratamento contra zika • A importância de uma vacina contra tuberculose • A onda de covid na China • O problema do HIV em crianças • Peixes contaminados nos EUA •

.

O presidente Lula anunciou a retirada do Brasil do chamado Consenso de Genebra, aliança entre cerca de 40 países criada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que visa restringir direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Como informou O Globo, Biden fez o mesmo assim que assumiu o cargo de presidente. O Consenso antiaborto foi animado pelo bolsonarismo e é constituído por nações de governos fascistizados, como a Polônia e a Hungria, além de regimes políticos autocráticos e fundamentalistas. Em linhas gerais, ele serviria para bloquear votações a respeito dos direitos reprodutivos e educação sexual em órgãos internacionais. Em nota assinada conjuntamente pelos ministérios das Relações Exteriores, da Saúde, das Mulheres, dos Direitos Humanos e da Cidadania, o governo brasileiro afirmou que o Consenso “contém entendimento limitativo dos direitos sexuais e reprodutivos e do conceito de família” e que “pode comprometer a plena implementação da legislação nacional sobre a matéria, incluídos os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Esperança para vacina contra zika

Um anticorpo fácil de ser produzido e que geralmente não apresenta bons resultados contra os vírus pode ser a resposta para a criação da vacina contra zika. É a imunoglobulina de tipo M (IgM), que é alvo de estudo realizado em parceria entre pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo e a Universidade de Cornell, dos EUA. Em experimentos com roedores, foram inseridas doses a nível letal em camundongos e o IgM foi decisivo: todos os que foram tratados com ele sobreviveram, nenhum dos outros resistiu. Não era para esses anticorpos que os cientistas estavam olhando – por causa de sua fragilidade, ele não costuma ser bom aliado em tratamentos. Mas perceberam sua possível eficácia ao observar uma mulher grávida com zika, cujo vírus não foi transmitido ao bebê. Isso não quer dizer que a vacina esteja muito próxima, alertam os pesquisadores, em entrevista à revista Pesquisa Fapesp: “Intensificar um anticorpo em laboratório e mostrar que ele provoca uma resposta importante é a primeira etapa de um processo”, disse o virologista Maurício Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

OMS anuncia esforço para vacina de tuberculose

O diretor geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que a OMS iniciará um esforço de redução da tuberculose e desenvolvimento de uma nova vacina para a doença respiratória. A OMS ainda afirmou que uma vacina com  50% de efetividade poderia, num prazo de 25 anos, evitar 76 milhões de casos, 8,5 milhões de mortes, 42 milhões de tratamentos com antibióticos. A economia monetária seria de  US$ 6,5 bilhões. Em 2021, o planeta registrou 10,6 milhões de casos e 1,6 milhão de mortes. “Aprendemos com a covid-19 que intervenções rápidas e eficazes em saúde podem ser feitas com priorização política e recursos adequados. A tuberculose pode contar com os mesmos ingredientes de aceleração da pesquisa científica e inovação, sentido de urgência, prioridade do setor público, contribuição filantrópica, engajamento do setor privado e das comunidades”, explicou Tedros.

China: pico de casos de covid pode estar próximo do fim

Segundo Shenjie Lai, um programador de dados da Universidade de Southampton, a alta de infecções por covid pode estar próxima do fim na China. Após o relaxamento das restrições, temeu-se por uma explosão de contaminações no país, em especial pelas subvariantes, mais transmissíveis. No entanto, o pesquisador afirma que, pelos seus cálculos, que cruzou o fluxo de viagens de cidadãos com o número registrado de casos, o ponto máximo de infecções pode ter ficado entre novembro e dezembro em cerca de metade das cidades do país. Cerca de 45% teriam experimentado o mesmo na primeira quinzena de janeiro, conforme publicado pela Nature. De toda forma, cerca de 60 mil pessoas morreram de covid desde 8 de dezembro, número altamente superior à média do período de restrições totais que vigorou por cerca de três anos no país.

Crianças em segundo plano no combate à aids

Reportagem do NY Times conta que, apesar de avanços, políticas de prevenção e tratamento do vírus HIV têm deixado crianças e adolescentes em segundo plano. Dessa forma, em especial no continente africano, o mundo tem contabilizado 100 mil mortes anuais nestas faixas etárias. A aids é a principal causa de óbito entre adolescentes em 12 países do sul e do leste do continente. Além dos graves problemas estruturais que afastam as pessoas dos tratamentos, o esforço concentrado no combate à covid-19 fez retroceder alguns indicadores que mostravam evolução nos anos anteriores. “É mais difícil rastrear crianças do que adultos com o vírus, há menos ferramentas e testes à disposição e tais jovens confiam sua saúde a seus cuidadores”, explicou Anurita Bains, que dirige o programa de aids da Unicef.

Peixes contaminados nos EUA

Estudo que reuniu pesquisadores de cinco países europeus analisou amostras de organismos de peixes de rios e lagos estadunidenses durante 8 anos e concluiu que seu consumo é impróprio. Como publicou O Globo, os produtos derivados de químicos perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS), desenvolvidos a partir da década de 1940, presentes nas águas, produziram uma taxa média de contaminação de 9,5 microgramas por animal, índice altíssimo para um consumo seguro. “Os PFAS são provavelmente a maior ameaça química à espécie humana no século 21″, afirmou o pesquisador Patrick Byrne, da Universidade John Moores, de Liverpool, Inglaterra.

Leia Também: